Maurício de Souza tem bastante culpa sobre nossa idéia feita e acabada sobre como seriam os anjos: loirinhos, cabelos cacheados e grandes olhos azuis. Não só ele, claro, mas também os livros, revistas, filmes, contos de fada, Walt Disney, e todo o resto do mundo. Mas digo com firmeza que hoje meu anjo tem outra cara…
Em primeiro lugar, não é um menino. É menina!
E não é loiro! É uma menina morena e de pele muito branca.
Nem tem olhos grandes e azuis. Prefiro imaginá-la com olhinhos escuros e pequenos e aparentemente puxados, que se diminuem charmosamente quando ela sorri, fazendo uma irresistível covinha em seu “olhar” contente.
E a novidade maior: terá, mesclada com a áurea angelical, uma sensualidade implícita, quase desapercebida, que quase morre afogada pela meiguice de seus gestos.
Confesso, no entanto, que manterei em meu anjo ideal certo conceito massificado do qual não pude fugir. Não tive culpa! A despeito de minha mania de marchar contra a correnteza, ela apareceu para mim desse jeito, tocando harpa.
Para não se igualar aos demais serezinhos celestiais por aí, o meu toca um instrumento imenso, tão grande quanto ele, e o mantém entre as pernas, donde poderá cumprir seu papel com os dois braços e mãos, e também com os dois pezinhos de anjo.
Ah, outras peculiaridades: meu anjo veste negro, tem cabelos lisos à altura dos ombros, existe, tem coxas grossas, braços sutilmente torneados, e alvos…alvos… compõe a Osesp e tocou para mim na última quinta-feira pela primeira vez. Foi quando eu a conheci…
Meu anjo, pois, é um ser de carne e osso e, suponho, tenha uma vida comum como a minha, tirando o pequeno grande detalhe dela tocar harpa. Ela deve lavar louça, fazer feira, ter infecção na urina, um pijama preferido e furado, vontade de socar o motorista lerdo da frente, mania de chocolate na TPM, e tocar harpa no meio disso tudo.
Admiro muito os musicistas e o dom que eles têm de nos encantar em segundos e assim permanecer agindo por toda a vida. Digo toda vida sem exagero, pois, é absolutamente inesquecível ver alguém tocando um instrumento. Desde grandes pianistas em grandes concertos, até os bolivianos com a tal flauta-inca. Aí lembro do moço do violão na Paulista, Toquinho, Nelson Freire, Dominguinhos, Ray Charles, Norah Jones…
E agradeço por meu anjo ter mais essa característica, pois será doce imaginá-la ao meu lado em um momento difícil, cercando-me com sua beleza, confortando-me com sua ternura, fazendo o mal passar.
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Meta
como escreve pavorosamente bem, parabens amiga!!!
Sem falar no carinho que passa pelas letras e entra bem suave pelos olhos.
Monique
Lindo anjo! lindas palavras!