Em 5 minutos de convivência, qualquer pessoa que cruzasse a vida dele já estava por aí chamando: Aaaagriii…. e nos ajudava a retirá-lo de alguma situação de risco que ele se colocava o tempo todo por conta da cegueira total.
Este cachorrinho maravilhoso, um mestiço de poodle, meio branco, meio cinza, de olhos brancos pela cegueira, fofo demais, chegou a minha vida há cerca de 2 anos. Chegou no momento em que eu montava minha primeira casa para morar junto com o meu companheiro Daniel e, por isso, nos ajudou a montar nossa familia e deixar nossa cantinho com cheiro e jeito de LAR!Todos que tinham contato com ele se apaixonava rapidamente, pois, apesar dele ser um pouco anti-social com outros animais, ele era simplesmente incrível com seres humanos! E mesmo que todos soubessem o segundo nome de batismo dele, AGRIPINO, a intimidade nascia em instantes e ele virava AGRI para todos! Aaaagri… volta! Aaaagri…aí não! O cachorro cego mais amado do mundo!
O Agripino era da Lud e se chamava Bonifácio; depois foi da Laura, depois do Custa, depois da irmã do Custa, depois virou Agripino e foi morar com o casal amigo Leila e Leandro Valverdes e, por fim, terminou sua jornada em nossa casa. Nós o adotamos quando ele já tinha 16,5 anos… não poderíamos esperar viver tanto tempo mais com ele. Apesar da expectativa que nos dava muitas esperanças de que a mamãe dele tinha vivido 22 anos e, por isso, todos nossos planos incluíam o Agri.
Nós faríamos um cercado lindo no gramado em nossa casa nova em Gonçalves para que ele pudesse explorar tudo sem problemas, perigos ou riscos. Ficaria livre para cheirar tudo, sentir o úmido da grama em suas patinhas magrinhas, esbarrar nos arbustos, escalar barrancos. Até latir para um rebanho de gado ele latia… essa foi sua última grande aventura: pensem um chachorro de 5,5kg latindo bravamente para 10 bois?? Era o Agri!
Em novembro fizemos um checkup nele e descobrimos que ele tinha um sopro no coração por conta da idade. Como ele estava bem, nem o medicamos. Mas nos últimos dias esse sopro no coração piorou e ele estava insuficiente. Apesar dos medicamentos e todo nosso amor, ele não resistiu e morreu nesta madrugada.
Apesar de nossa ilusão de que o Agri viveria para sempre, sabíamos que a qualquer momento ele poderia nos deixar. Por isso, depois que voltamos do Chile, em janeiro, não ficamos sequer um dia longe dele. Ele nos acompanhava em todas as viagens e se divertiu muito no banco de trás do carro tirando um chochilo, funhanhando na janela ou colocando a carinha no meio de nós avisando que queria parar.
Até nas provas de bike que organizamos ele estava junto, o que era muito cansativo, mas sabiamos que ali naquela confusão era o lugar onde ele mais gostaria de estar: ao nosso lado não importa como nem onde!
Foi nosso filho amado, estava sempre colado na gente….mais com a mamãe do que com o papai, mas era óbvio que o amor que ele sentia pelo Dani era tão grande como o que sentia por mim. Talvez por meu colo ser mais fofinho, ele ficava mais relaxado comigo. Nada era mais delicioso do que dormir de cucharita com ele…
Hoje de madrugada fui atropelada pela tristeza de ver o Agripino deitadinho, imóvel, depois de uma terrível crise de coração fraco e falta de ar. Mantive-o no na cama, colado em mim e no Dani, fazendo cafuné e repetindo: mamãe está aqui… mamãe está aqui…
Fiz mamãe-canguru com ele, segurei carinhosamente contra meu peito, mas nada fazia passar. Era mesmo a hora dele e tínhamos que respeitar isso. Nosso filhinho se foi, cercado de amor, do jeito que sempre sonhei em fazer… fazê-lo sentir nosso amor no último suspiro.
Por isso, apesar de estarmos destroçados, pois o Agri foi um grande herói e nos ajudou muito a manter a serenidade, harmonia, paz, tranquilidade em nosso lar desde o início de nossa vida juntos, sabemos que cumprimos nossa missão junto a ele e somos muito, muito, muito gratos por ter tido a oportunidade de compartilhar o mesmo teto que este ser iluminado. Nunca vi um coraçãozinho fraco com tanta capacidade de amar….
Aaaagrii…. Até breve, meu amor!